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Professor conta como foi participar das Olimpíadas

Abertura Olimpíadas – Grupo Europeus

As Olimpíadas foram um sucesso e as cerimônias de abertura e encerramento ficarão marcadas na memória por sua beleza e alegria. Professor da Estácio há mais de 15 anos, o figurinista Ney Madeira conta com orgulho o privilégio de ter feito parte desse momento e garante que, apesar do trabalho árduo para finalizar todo o figurino a tempo, a satisfação de ver o resultado final valeu muito a pena.

Na entrevista, ele conta sobre o desafio de atuar nas Olimpíadas, a importância do figurino, seu processo criativo, carreira, entre outros. Confira!


Ney Madeira e Dani Vidal na preparação da Comissão de Frente Beija-Flor 2016

Como foi participar da abertura das Olimpíadas? Você foi um dos coordenadores que executou os figurinos criados pela Cláudia Kopke, não foi isso?

Ney Madeira – Sim. Na abertura, a Cláudia foi a responsável pela criação. Na equipe, tenho o cargo de Costume Workshop Manager e, junto com minha sócia, Dani Vidal, supervisionei o ateliê de beneficiamento de figurinos. Fomos responsáveis pela pintura dos figurinos da parte chamada de Geometrização, onde os grupos étnicos desenvolviam coreografias. Foram mais de 400 figurinos, entre europeus, africanos, asiáticos e árabes, todos pintados à mão. Na cerimônia de encerramento, fui responsável pelo camarim das rendeiras, criadas pela Rosa Magalhães, que tiveram uma bela performance. Ainda estamos na equipe, agora encarregados da logística e organização de camarins. No momento, estamos às voltas com as provas dos figurinos da cerimônia paralímpica, que tem a assinatura do estilista Ronaldo Fraga.

Qual o seu balanço sobre as cerimônias?

Ney Madeira – Considero um bom projeto, que resultou em belíssimo efeito plástico, utilizando soluções muito criativas. Foi uma apresentação que conseguiu atingir o nível dos eventos anteriores, sem utilizar a mesma grandiosidade. E com o orçamento bem menor. O diálogo entre cenografia, figurinos, projeção e iluminação foi muito bom, tendo, cada um dos setores, seu destaque em momentos distintos. A equipe de criação, formada por Andrucha Waddington, Daniela Thomas e Fernando Meirelles, conseguiu traduzir nossa identidade, fazendo do jeito brasileiro o maior evento mundial.

Qual foi o maior desafio desse projeto?

Ney Madeira – Considero o grande desafio da cerimônia a quantidade de trajes, uma vez que todos são provados e ajustados no corpo dos participantes. Isto promove uma logística enorme, pois o controle de todo o processo deve ser rigoroso para não faltar nada no dia. Foram aproximadamente cinco mil trajes, com grupos que chegavam a mais de novecentos participantes. Alguns figurinos tinham até dez itens, entre roupa, calçados e acessórios.

Em que outros grandes projetos você já atuou?

Ney Madeira – Já tinha trabalhado em grandes projetos de ópera e dança, no Theatro Municipal do Rio, tais como A Traviata, Lago dos Cisnes e Don Quixote; e no Teatro Amazonas, em Manaus, na produção do Anel do Nibelungo, de Wagner; todas com coro e corpo de baile grande, mas de porte muito menor.


Comissão de Frente Beija-Flor 2016

Como você entende a relação entre o figurino e o cinema? Qual a importância dos figurinos para os filmes?

Ney Madeira – O figurino é um dos pilares da visualidade do cinema, ao lado da cenografia e da fotografia. Desta forma, é também responsável por grande parte do seu significado. O figurino traz ao público as características dos personagens, sendo um dos suportes da interpretação dos atores. Para a direção de arte, o figurino é um elemento de composição, sendo desenvolvido segundo os critérios de cor e textura estabelecidos na fase de pesquisa. O êxito de um filme depende de um bom figurino.



Como começou a sua relação com o Cinema? Você é formado em Cinema?

Ney Madeira – Sou arquiteto formado pela Universidade Federal Fluminense, que tem um bom núcleo de cinema, similar ao Nucine da Estácio. Experimentei a direção de arte em cinema ainda no curso, em algumas produções de amigos, pois já estava envolvido com cenografia e figurino em teatro. Depois da faculdade, enveredei pelas artes cênicas, e participei de todo o tipo de produções, incluindo óperas, espetáculos de dança e musicais. Tive o prazer de trabalhar com alguns grandes mestres, como Aderbal Freire Filho, Wolf Maya, Amir Haddad, Flávio Marinho e Augusto Boal. Foi o teatro que pautou minha carreira, onde me desenvolveu como artista. Trabalho também para o carnaval, especificamente para comissão de frente, algumas nota 10, como as da Beija-Flor de 2015 e de 2016. O cinema sempre foi um grande estímulo, pois dedica uma atenção especial à cenografia e ao figurino, com projetos muito inspiradores.

Há quanto tempo você dá aulas na Estácio e quais são as disciplinas?

Ney Madeira – Estou na Estácio desde 1999, quando fui convidado para lecionar no Curso de Interpretação, hoje Licenciatura em Teatro, onde dou as aulas de Caracterização, Espaço cênico e Laboratório de adereços. No curso de Cinema, ministro aulas de Direção de Arte e de Cenografia e Figurino e tenho tido bom retorno dos alunos, que têm demonstrado muita criatividade nas atividades práticas.

Muitos estudantes entram na área de cinema pensando em se tornar cineastas e roteiristas. O que você diria para aqueles que pretendem trabalhar com essa parte mais artística, de Figurino e Cenografia?

Ney Madeira – Confiança, coragem e principalmente preparo físico. Estes são elementos fundamentais para qualquer pessoa que pense em entrar para esta área. A cenografia e o figurino são muito desafiadores do ponto de vista criativo e têm demandas muito grandes na parte de produção. São áreas que geram muitas oportunidades de trabalho por conta disso. É sempre uma satisfação muito grande ver o trabalho artístico realizado. E o cinema torna o nosso trabalho eterno.

CONFIRA MAIS FOTOS:


Encerramento Olimpíadas – Grupo Rendeiras


Abertura Olímpiadas – Grupo Asiáticos


Abertura Olimpíadas – Grupo Africanos